28 outubro, 2008

Sobre as eleições

Interessante ver como a sociedade reclama tanto de que é a parcela mais pobre ou pelo menos das localidades mais pobres que sempre elege o nosso representante, que nós, classe média somos minoria e nunca conseguimos decidir uma eleição. (Caso rosinha e garotinho, por exemplo)
Mas, recebi esse texto hj e parei pra pensar.
Ora bolas, foram apenas 55 mil votos de diferença, será q as 100 mil pessoas que não votaram poderiam ter feito a diferença?
Quem sabe, né?
Não me excluo dessa não, pois tb gostaria de ter viajado. hehehehe
Mas podemos refletir sobre isso, não é?

kisses
B

Eis o texto:

Matou a política e foi ao cinema
Seg, 27/10/08
por gmfiuza categoria Eleições

A eleição mais disputada do Brasil foi decidida pela ignorância. A ignorância dos cultos e dos bem-pensantes. O vencedor, candidato de Lula e do governador Sérgio Cabral Filho, era também o candidato das milícias, como mostraram as pesquisas de opinião. Além do braço armado, tinha o braço da pirataria ideológica. Panfletos difamatórios foram apreendidos aos milhares nos comitês de Eduardo Paes. A parcela mais esclarecida da população, aquela que grita por uma cidade mais civilizada e ética, aderiu a Fernando Gabeira. Uma "onda verde" das pessoas de bem adotou o candidato da transparência, que divulgou nome por nome dos seus doadores de campanha. E as quantias também. Tudo isso antes do primeiro turno. Uma revolução. Num eleitorado de quase 5 milhões, Gabeira perdeu por pouco mais de 50 mil votos. Não foi derrotado pela campanha suja do adversário. Foi derrotado pelas "pessoas de bem". A abstenção no Rio foi recorde. No feriadão criado pelo padrinho do vencedor, mais de 20% não votaram. E esse recorde foi puxado pela Zona Sul da cidade – onde está a maior concentração de cultos e bem-pensantes. Dessa turma, nada menos que um em cada quatro eleitores trocou a urna por um programa melhor. Gabeira foi derrotado pelo eleitor de Gabeira. O candidato do Partido Verde, que fez história nessa eleição com sua cruzada contra a baixaria, disse que derrotaria as máquinas estadual, federal e universal – a do bispo Crivella, amigo de Lula, que assim como as milícias aderiu a Eduardo Paes. Gabeira derrotou-as. Só não conseguiu vencer a máquina da ignorância culta. É a mais letal das ignorâncias. Trata-se daquela em que o sujeito tem educação e informação suficientes para discernir. Mas não assume suas responsabilidades. Do povão manobrável, espera-se que seja manobrado. Das milícias e máquinas, espera-se que manobrem o povão. Da elite esclarecida, espera-se que dê o exemplo. A elite esclarecida matou a política e foi ao cinema. Ou à praia. É direito dela. Só não tem mais direito de choramingar a falta de ética dos outros.